A “morte prematura” do aparelho demonstra a má gestão da Microsoft para dispositivos móveis e que pode afetar o sucesso do seu novo sistema operacional mobile.
No final de junho último, a Microsoft anunciou a “morte” do Kin, um smartphone voltado às redes sociais, apenas seis semanas depois do seu lançamento. Segundo a empresa, a equipe responsável pelo desenvolvimento do aparelho foi remanejada para o projeto do Windows Phone 7, próximo sistema operacional da companhia voltado para dispositivos mobile.
O Kin chegou ao mercado em dois modelos e foi o resultado da compra feita pela Microsoft da Danger, empresa responsável pela tecnologia dos telefones Sidekick, comercializados – e recentemente aposentados – pela operadora T-Mobile. Os Kins estavam em um misterioso desenvolvimento, em que parecia uma eternidade, sob o codinome Pink.
Existem inúmeras teorias sobre a meteórica queda do Kin. É provável que uma combinação catastrófica de marketing da Microsoft, aliada a uma total falta de conhecimento do mercado adolescente, a falta de uma loja de aplicativos no modelo da AppStore e os altos preços tanto do aparelho quanto do pacote de dados da Verizon (30 dólares por mês) tenham sido os causadores das fracas vendas e da sua aposentadoria precoce.
Dois dias depois da “morte” do Kins, a Verizon cortou drasticamente os preços do aparelho: de 50 para 30 dólares no caso do Kin I e de 100 para 50 dólares no Kint II. Um último esforço para atingir mais alguns otários? Pode apostar. Os valores pós-cortes deveriam ter sido os preços originais do Kin. Cem dólares, aliado a um pacote de dados de 30 dólares mensais para um “telefone social” para adolescentes? Os Kins deveriam ter vindo com o selo “Apenas para pais ricos”. Para efeito de comparação, o preço do Kin II é semelhante ao poderoso Droid Eris, da HTC e mais caro que os modelos Plus Palm e HTC Touch Pro 2.
Além disso, a Microsoft deixou o Kin sem uma identidade clara do sistema operacional. A empresa colocou uma espécie de híbrido do Windows 7 com o Windows Mobile 6.x, sem os melhores recursos de ambos.
E um adendo: como ninguém estava comprando o Kin, a Microsoft perdeu a paciência – milhões de dólares em desenvolvimento e publicidade que se danem.
Vou dizer o óbvio aqui: o lançamento / morte do Kin é uma tolice épica da Microsoft em um momento em que eles realmente precisam mostrar ao mercado que sabem o que estão fazendo com um celular. Está ficando feio lá fora para o Windows Mobile. Apple e RIM estão a todo vapor e o Google tem inundado o mercado com telefones Android, com diferentes parceiros de hardware. Ninguém que eu conheça tem um telefone Windows Mobile. E o Windows Phone 7 sequer está no radar dos consumidores norte-americanos mesmo que esteja a cinco meses do seu lançamento.
É também preocupante que a Microsoft tenha gasto tanto dinheiro desenvolvendo o Kin e não obteve resultados. Para uma empresa do seu porte, derramar milhões de dólares em pesquisa e publicidade em um produto tão aguardado e, em seguida, retirá-lo do mercado depois de tão pouco tempo nas prateleiras, é um sinal claro de mau planejamento, falta de foco e gastos desnecessários. Só a aquisição da Danger custou 500 milhões de dólares ao pessoal de Redmond.
A chegada do Windows Phone 7, provavelmente, fará todos esquecerem que o Kin um dia existiu, mas é fato que a sua chegada e partida foram um fiasco. É um sinal reluzente da má gestão da Microsoft em sua estratégia móvel, o que fica cada vez mais evidente com a interminável espera do seu próximo sistema operacional mobile.
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